Sob alta da energia elétrica, IPCA-15 sobe 1,23% em fevereiro

Segundo o IBGE, esta é a maior alta do IPCA-15 para um mês de fevereiro desde 2016, quando a prévia da inflação avançou 1,42%

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, mostra que os preços de bens e serviços subiram 1,23% em fevereiro — alta de 1,12 ponto percentual em relação à taxa de janeiro de 2025 (0,11%).

Esta é a maior alta do IPCA-15 desde abril de 2022 (1,73%) e a maior para um mês de fevereiro desde 2016 (1,42%). Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A guinada da prévia da inflação foi influenciada, principalmente, pelos preços do grupo Habitação, com avanço de 4,34% e impacto de 0,63 ponto percentual no total do índice em fevereiro.


O IPCA-15

  • IPCA-15 difere do IPCA, que mede a inflação oficial do país, na abrangência geográfica e no período de coleta, que começa no dia 16 do mês anterior. Por essa razão, ele funciona como uma prévia do IPCA.
  • O indicador coleta dados sobre as famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. Ele abrange: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Brasília e Goiânia.
  • Em janeiro, o IPCA-15 desacelerou em relação a dezembro de 2024 (0,34%) e ficou em 0,11%.

Habitação e Educação em alta

No grupo Habitação, o destaque vai para a energia elétrica residencial — que teve maior impacto no índice (0,54 ponto percentual). A energia elétrica avançou 16,33% em fevereiro, após recuar em janeiro (-15,46%) com a incorporação do “bônus de Itaipu”.

Além da energia elétrica, as taxas de água e esgoto (0,52%) mais caras influenciaram o resultado do IPCA-15 neste mês, enquanto o gás encanado recuou 0,32% em fevereiro.

A segunda maior influência foi do grupo Educação, que subiu 4,78% no mês e teve impacto de 0,29 ponto percentual no IPCA-15. Dentro do grupo, a maior contribuição veio dos cursos regulares (5,69%), por conta dos reajustes no início do ano letivo.

As maiores variações observadas foram:

  • ensino fundamental (7,50%);
  • ensino médio (7,26%); e
  • ensino superior (4,08%).

Preço dos alimentos desacelera, mas segue crescendo

O grupo de Alimentação e bebidas, de maior peso no índice, desacelerou em comparação a janeiro, mas ainda apresentou alta. Em fevereiro, teve elevação de 0,61% e exerceu impacto de 0,14 ponto percentual no IPCA-15.

Ainda no grupo, a alimentação no domicílio aumentou 0,63% em fevereiro — abaixo do resultado registrado em janeiro (1,10%).

Contribuíram para o valor do mês:

  • a alta nos preços da cenoura (17,62%) e do café moído (11,63%).
  • a queda nos preços da batata-inglesa (-8,17%), arroz (-1,49%) e frutas (-1,18%).

Por outro lado, a alimentação fora do domicílio desacelerou de 0,93% (em janeiro) para 0,56% (em fevereiro). Os subitens lanche (0,77%) e refeição (0,43%) registraram variações inferiores ao mês anterior (0,98% e 0,96%, respectivamente).

O IPCA-15

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 15 de janeiro de 2025 a 12 de fevereiro de 2025 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 13 de dezembro de 2024 a 14 de janeiro de 2025 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.

A próxima divulgação do IPCA-15, referente a março, será em 27 de março.

Projeções do mercado financeiro para a inflação

Os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC), no relatório Focus dessa segunda-feira (24/2), subiram a projeção da inflação para 2025. O que reflete em uma desancoragem de expectativas, ou seja, um distanciamento entre as projeções de inflação no chamado “horizonte relevante” e da meta inflacionária.

O mercado alterou a projeção da inflação de 2025 de 5,60% para 5,65%. Isso mostra que, para os economistas, o índice continua acima do teto da meta fiscal deste ano, que é de 4,5%.

Assim, os analistas esperam que a inflação fique cada vez mais distante do centro da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% com variação de 1,5 ponto percentual para cima (4,5%) e para baixo (1,5%).

Confira as demais projeções da inflação:

  • Para 2026, subiu de 4,35% para 4,40%.
  • Para 2027, continua a mesma da semana passada: 4%.
  • Para 2028, recuou de 3,80% para 3,79%.

No ano passado, o IPCA fechou em 4,83%, confirmando o estouro da meta em 2024. Em janeiro, a inflação perdeu força e ficou em 0,16% — menor taxa para o mês desde a implementação do Plano Real, em 1994.

O resultado de janeiro foi influenciado pela queda no valor da energia elétrica residencial (-14,21%) e das altas nos preços das passagens aéreas (10,42%) e alimentos (0,96%).

Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

por Metropoles

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