Novas tarifas de Trump: quais produtos brasileiros podem ser afetados

Declarações e atos do presidente dos EUA ampliaram a lista de produtos que podem sofrer sobretaxa, entre eles alguns que afetam o Brasil

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Getty Images

Uma guerra comercial eclodiu no mundo, neste Carnaval, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a vigência de novas tarifas de importação para produtos do México, do Canadá e da China. Declarações e atos do republicano também ampliaram a lista de produtos que podem sofrer sobretaxa, entre eles alguns que afetam o Brasil.

Madeira

Um dos alvos são produtos de madeira. Ordem executiva assinada no sábado (1º/3) por Trump determinou o início de investigação sobre esses artigos, incluindo madeira serrada e seus derivados. A análise pode resultar na elevação de tarifas.

O republicano alegou que esse é um tema de segurança nacional dos EUA. Em nota, a Casa Branca informou: “A indústria de produtos de madeira, composta de madeira serrada e derivados (como produtos de papel, móveis e armários), é uma indústria de manufatura crítica, essencial para a segurança nacional, força econômica e resiliência industrial dos Estados Unidos”.

Investigação

Agora, o Departamento de Comércio dos EUA vai realizar a apuração, levando em conta o impacto de subsídios estrangeiros, as práticas de comércio predatórias e a viabilidade de aumentar a produção doméstica. A análise deve ser concluída em até 270 dias e deve conter recomendações sobre as medidas a serem adotadas, como tarifas ou cotas de importação.

O comunicado da Casa Branca acrescentou que “a indústria de madeira desempenha papel vital nas principais indústrias civis, incluindo a construção”. Ainda de acordo com o documento, a investigação tem como respaldo a Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio, de 1962.

Produtos agrícolas

Na segunda-feira (3/3), Trump prometeu aplicar tarifas de importação sobre produtos agrícolas a partir de 2 de abril. O presidente dos EUA pediu que os agricultores americanos que se preparem para vender seus produtos no mercado interno, suprindo possível queda de oferta de importados.

Na rede social Truth Social, o mandatário escreveu: “Aos Grandes Fazendeiros dos Estados Unidos: Preparem-se para começar a fazer muitos produtos agrícolas para serem vendidos DENTRO dos Estados Unidos. As tarifas serão aplicadas a produtos externos em 2 de abril. Divirtam-se!”.

Aço e alumínio

A Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio, de 1962, citada pela Casa Branca para justificar a investigação sobre artigos de madeira, foi a mesma usada pelo governo americano para impor tarifas globais de 25% sobre aço e alumínio, o que também pode afetar a indústria brasileira. Em 10 de fevereiro, Trump assinou decretos estabelecendo sobretaxas para esses produtos a partir de 12 de março.

Na ocasião, o republicano afirmou que o objetivo é proteger a indústria americana, que estaria sendo prejudicada “pelas práticas comerciais desleais e a superprodução global” (os empresários brasileiros do setor também reclamam de superprodução, mas, nesse caso, por parte da China).

Brasil é 2º exportador

De acordo com o Departamento do Comércio americano, cerca de 25% do aço usado no país é importado. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor do produto para os EUA em volume, ficando atrás apenas do Canadá.

Os números do ano passado foram os seguintes: o Canadá exportou 6 milhões de toneladas de aço para os EUA, e o Brasil ficou na segunda posição, com 4,1 milhões de toneladas. O México ocupou o terceiro lugar, com 3,2 milhões de toneladas.

Note-se que o Brasil é o nono maior produtor de aço bruto do mundo, atrás de China, Índia, Japão, EUA, Rússia, Coreia do Sul, Alemanha e Turquia. Em 2023, os americanos compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço, segundo o governo brasileiro.

Esta não foi a primeira vez que Trump tentou taxar o aço e o alumínio importados para os EUA. Durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, ele criou tarifas e outras restrições para a importação desses produtos, mas todas foram posteriormente retiradas.

Etanol

No dia 13 de fevereiro, Trump colocou o etanol brasileiro na mira de sua agenda de tarifas, ao anunciar seu plano para um comércio internacional “justo e recíproco”.

“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. Mesmo assim, o Brasil cobra das exportações de etanol dos EUA uma tarifa de 18%”, escreveu o republicano, num memorando sobre o tema. “Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”.

Críticas geral às tarifas brasileiras

A agência de representação comercial americana (USTR, na sigla em inglês) também cita as tarifas brasileiras como um exemplo do desequilíbrio nas relações com os EUA – contra os americanos. De acordo com a Agenda de Política Comercial 2025, a Organização Mundial do Comércio (OMC) tem sido “incapaz de reduzir disparidades e desequilíbrios” nas trocas internacionais.

O documento menciona que a tarifa consolidada nos EUA foi de 3,4%, e a aplicada, de 3,3% na média em 2023. No caso brasileiro, a consolidada ficou em 31,4%, e a aplicada, em 11,2%. Na Coreia, os números foram, respectivamente, 17% e 13,4%. No caso da Índia, 50,6% e 17%.

Promessa de campanha

A política tarifária de Trump é parte de suas promessas de campanha. Para “tornar a América grande novamente” — seu slogan eleitoral —, Trump prometeu aumento de tarifas em diversos produtos importados, para privilegiar as empresas americanas contra a concorrência internacional.

Imagem: Getty Images

Por Metropoles

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