A Galáticos é resultado da união da R9 Investimentos com a Galapagos Capital. A sociedade entre Ronaldo e Gabriel surge da relação empresarial entre as holdings de ambos: a RDNL Participações Ltda. e a GJ Sports e Marketing Ltda. Elas dividem a sociedade da R9 Family Office Assessoria a Atletas Profissionais Ltda. com unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A criação das holdings dos dois jogadores possui um elemento em comum: Ronaldo e Gabriel colocaram as respectivas mães, Sônia Barata Nazário de Lima e Vera Lúcia Diniz de Jesus, como sócias-administradoras. Holding é uma empresa criada para centralizar o controle de outras empresas. Ou seja, por meio dela, uma pessoa detém a posse de ações de outras companhias.
No caso da RDNL de Ronaldo, apesar de a mãe administrar o negócio, ele é quem detém 99,9% das quotas do capital social da empresa, de mais de R$ 15,3 milhões.
O Fenômeno possui ainda uma segunda holding: a SA Caleta Participações Ltda., da qual é sócio-administrador, conforme os dados do cadastro na Receita Federal. Ela aparece no quadro societário da ODZZ Network, uma empresa que se divide entre a agência de marketing Octagon Latam, a companhia de viagens Wayz Travel e a produtora Beyond Filmes.
“Só a agência do Ronaldo Nazário poderia garantir que os melhores talentos do esporte tivessem um cuidado único com sua gestão de imagem, relacionamento com as marcas e o seu posicionamento digital”, diz texto de publicação do perfil da Octagon Latam no Instagram, em outubro do ano passado.
O que diz o Código de Ética da CBF
O Código de Ética e Conduta da CBF tem seção exclusiva sobre conflitos de interesse. O texto diz o seguinte: “As pessoas vinculadas a este Código, especialmente os dirigentes e diretores, devem evitar conflitos de interesse particulares ou de terceiros com os da respectiva entidade, comprometendo-se a revelar circunstâncias de potencial conflito”.
Conforme as regras, entende-se por “interesses particulares ou de terceiros” qualquer possível vantagem que resulte em benefício econômico próprio ou de terceiros. Com isso, “não se admite o exercício de funções em caso de conflito de interesses, que deverá ser imediatamente comunicado ao superior imediato ou à Comissão de Ética”.
Entre as condutas proibidas, estão, por exemplo, possuir participação em direitos de atletas, clubes, empresas, ativos e bens que possam ser valorizados direta ou indiretamente pela atuação da CBF e utilizar produtos, símbolos ou uniformes diferentes dos oficiais da entidade, quando estiver trabalhando ou em missão.
Ronaldo é hoje embaixador e garoto-propaganda da plataforma de apostas Betfair. A CBF, no entanto, possui contrato de três anos com a concorrente Betano, que adquiriu, em 2024, os “naming rights” do Campeonato Brasileiro Série A. Desde então, o torneio passou a se chamar Brasileirão Betano.
Resposta de Ronaldo e relação com o Cruzeiro
Em resposta ao Metrópoles, Ronaldo alegou que está ciente “das limitações e responsabilidades” que enfrentaria como presidente da CBF. “No momento oportuno, tratarei do assunto com a transparência necessária. Garanto que não haverá qualquer conflito de interesses”, diz o ex-jogador.
Em reportagem publicada no terça-feira (8/1), no entanto, o Metrópoles revelou que as tratativas do contrato de venda do Cruzeiro para a BPW Sports Participações, de Pedro Lourenço, colocam Ronaldo como “credor fiduciário” e, por isso, ele terá direito às ações societárias do clube até que o pagamento integral de R$ 600 milhões seja concluído em 2035.
Esse valor será quitado em 11 parcelas anuais, com início em 1º de julho de 2025. Até lá, as ações permanecem como garantia de pagamento, transferindo a Ronaldo “todos os direitos e ativos relacionados”, incluindo rendimentos, dividendos e lucros, além de novas ações emitidas em caso de aumento de capital. Ou seja, ele ainda terá ligação com o clube pelos próximos 10 anos.
Imagem: Quality Sport Images/Getty Images
Por Metropoles