O Banco Central (BC) informou que a probabilidade da inflação estourar o teto da meta deste ano é de 70% — a estimativa anterior (de dezembro) era de 50%. As estatísticas fazem parte do Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado nesta quinta-feira (27/3).
Relatório de Política Monetária
- No ano passado, o BC anunciou a mudança na nomenclatura do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), agora Relatório de Política Monetária (RPM). Segundo a autoridade monetária, a mudança ocorre para se alinhar com “a prática internacional”.
- Os moldes do Relatório de Política Monetária são os mesmos do Relatório de Inflação.
- O RPM reúne as decisões de política monetária adotadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), bem como o desempenho da nova sistemática da meta inflacionária, as considerações sobre a evolução do cenário econômico e as projeções para a inflação.
- A partir deste ano, o BC deve divulgar, até o último dia útil de cada trimestre, o relatório de política monetária.
Para 2026, a chance de ultrapassar os limites da meta subiu de 26% para 28%.
“Como as projeções são superiores à meta, as probabilidades de ultrapassar o limite superior são maiores do que as de ultrapassar o limite inferior. Embora essas probabilidades não representem a probabilidade de descumprimento da meta, funcionam ainda como uma das referências para avaliação dos riscos envolvidos nas projeções, explica o BC.
BC sobe projeção de inflação, meta deve ser descumprida
O Banco Central ainda elevou a estimativa para inflação oficial de 2025, que passou de 4,5% (em dezembro de 2024) para 5,1%. A inflação do país é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A meta deste ano é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual — sendo 4,5% (teto) e 1,5% (piso). A meta será considerada cumprida se oscilar nesse intervalo.
No documento, o BC destaca que a inflação voltou a subir e a desancoragem das expectativas aumentou. “As projeções de inflação se mantiveram acima da meta, tornando a convergência para a meta desafiadora”, avalia.
Segundo o BC, “os efeitos dos aumentos das expectativas de inflação e da inércia decorrente das surpresas inflacionárias e da revisão das projeções de curto prazo pressionaram as projeções para cima, enquanto a subida da taxa de juros real, a apreciação cambial e a queda do preço do petróleo contribuíram para baixo”.
O Banco Central diz que a inflação continuará “acima do limite do intervalo de tolerância ao longo de 2025, começando a cair a partir do quarto trimestre, mas ainda permanecendo acima da meta”.
Assim, o BC prevê um estouro da meta ainda em junho, devido ao novo sistema de metas.
A partir deste ano, a meta é contínua, isto é, apurada mês a mês. Se o IPCA acumulado em 12 meses passar dos limites de tolerância por seis meses seguidos, ela será considerada descumprida.
Estimativa do PIB é revisada para baixo
No RPM, a autoridade monetária indica sinais de uma “incipiente moderação do crescimento econômico” do Brasil. Em função da desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre (0,2%), o BC revisou a estimativa do PIB para baixo.
A projeção para o crescimento do PIB neste ano foi de 2,1% para 1,9%.
Dessa forma, a autoridade monetária segue dizendo que a perspectiva de crescimento neste ano será menor do que o de 2024. No ano passado, o PIB avançou 3,4%, conforme o medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A desaceleração esperada continua associada à política monetária mais contracionista [aumento dos juros], ao menor impulso fiscal, ao reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção e à moderação do crescimento global. Todavia, a incerteza em torno do cenário central aumentou, considerando fatores externos e domésticos”, destacou o documento.
Imagem: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
Por Metropoles