O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), da SpaceX e da Tesla, oficializou nessa segunda-feira (17/2) o lançamento do Grok 3, a versão mais recente do chatbot de inteligência artificial (IA) da xAI, outra empresa de propriedade do empresário.
O objetivo de Musk é fazer frente ao ChatGPT, da OpenAI, e ao DeepSeek-R1, da startup chinesa DeepSeek.
O bilionário classificou o Grok 3 como um modelo de IA “assustadoramente inteligente”. Segundo ele, o chatbot da xAI conta com 10 vezes mais recursos do que sua versão anterior, lançada em agosto do ano passado.
“O Grok 3 tem capacidades de raciocínio muito poderosas. Nos testes que realizamos até agora, ele está superando tudo o que já foi lançado, pelo que sabemos, o que é um bom sinal”, afirmou Musk, em videoconferência, ao participar da Cúpula Mundial de Governos, em Dubai (Emirados Árabes).
Ainda de acordo com Musk, o Grok 3 utiliza mecanismos de autocorreção que evitam os erros conhecidos como “alucinações”, relativamente comuns em outros chatbots, levando-os a processar dados falsos ou enganosos como se fossem verdadeiros.
O fenômeno DeepSeek
No fim de janeiro, a DeepSeek anunciou o lançamento de um assistente gratuito que utiliza chips de baixo custo, que possuem menos dados.
Com isso, a empresa desafia uma lógica até então estabelecida nos mercados, de que a IA fomentaria a demanda por uma grande cadeia de suprimentos, de fabricantes de chips a data centers.
Em linhas gerais, a percepção inicial é a de que a DeepSeek parece capaz de oferecer um desempenho muito próximo das grandes empresas dos EUA no desenvolvimento de IA, mas por um preço muito mais baixo.
Recentemente, os EUA proibiram a exportação de tecnologias avançadas de semicondutores para a China e limitaram vendas de chips de IA da Nvidia como forma de tentar conter o avanço do gigante asiático.
“O fenômeno DeepSeek foi o primeiro grande choque de realidade no mercado de IA desde o lançamento do ChatGPT”, afirmou Isac Costa, professor do Insper e especialista em tecnologia, em entrevista recente ao Metrópoles.
“É difícil cravar que é uma revolução, mas, definitivamente, é o primeiro grande terremoto nesse mercado, para fazer as pessoas começarem a entender, de fato, o que é necessário para que a IA se torne tão presente no nosso dia a dia quanto a eletricidade e a internet.”
Segundo Costa, para além do que pode representar em termos de avanço no desenvolvimento da IA, o DeepSeek tem uma importância estratégica para as principais potências econômicas do planeta, que vêm travando nos últimos anos uma disputa renhida pela supremacia desse mercado.
“Estamos vivendo uma espécie de nova Revolução Industrial”, diz Costa. “Considerando o potencial da inteligência artificial como uma tecnologia de propósito geral, assim como a eletricidade e a internet, sua relevância geopolítica reside no fato de que as maiores economias do mundo precisarão ter uma presença relevante no setor. Com algum exagero, podemos afirmar que é a diferença entre um país se industrializar ou não”, explica.
Imagem: Jaap Arriens/NurPhoto via Getty Images
Por Metropoles